segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nosso Amigo


Como muitos sabem, a Vivamigos surgiu inicialmente formada por um grupo de amigos que se conheceram no curso de Engenharia Elétrica da UFPR em 1991. Pois dentre esses amigos estava um velejador, Abel Hrabovsky de Aguilar, uma pessoa que Deus colocou no nosso caminho para que entendêssemos um pouco do sentido da vida. De bem com a vida sempre, despreocupado com formalidades, amigo de todas as horas, ele nunca chegou a fazer parte da Vivamigos, pois há mais de 5 anos não morava mais em Curitiba. Certamente se por aqui estivesse seria um dos membros atuantes, pelos princípios que tinha e por sempre querer estar com os amigos.

Pois no último domingo (08/Fev) perdemos esse grande amigo em Itaparica (Bahia). Ele possuía uma empresa de aluguel de barcos e estava com um grupo de turistas. A tragédia aconteceu numa tentativa de assalto ao barco e ele acabou levando dois tiros. Era um homem do mar. Desde que o conhecemos sempre teve algum tipo de embarcação, de pequenos barquinhos a catamarãs. Fez por várias vezes a travessia do Atlântico, levando e trazendo barcos e veleiros, viajou o mundo, conheceu lugares belíssimos e por onde passou fez muitos amigos.

Infelizmente tragédias como essas acontecem diariamente ao nosso redor e só ficamos realmente comovidos quando sentimos na pele. A banalização do crime e dessas outras atrocidades faz com que cada vez mais a sociedade não se de conta que estamos caminhando para um mundo sem leis nem justiça. Os ladrões já estão presos, mas isso não adianta nada agora. Que a justiça dos homens seja feita é o mínimo que podemos esperar, mas isso não trará de volta o pai da pequena Priscila de 03 aninhos de idade. Infelizmente ela não poderá conviver com esse homem do mar que tivemos o prazer de conhecer. Esses marginais são frutos de uma sociedade sem educação e cultura. Parece querer explicar o inexplicável, mas cada um tem sua parcela de culpa. Trabalhamos, temos nossas empresas, pagamos nossos impostos e esperamos que as autoridades dêem conta do resto. Em um mundo perfeito certamente seria assim, mas somos seres humanos, passíveis de erros e falhas. Se em países de primeiro mundo vemos diariamente notícias trágicas dessa natureza, não poderíamos esperar nada diferente no nosso país cheio de desigualdades.

Através de pequenas ações podemos minimizar isso, ou pelo menos devemos tentar fazer isso. Qual o preço da vida do Abel ?! Se hoje seus parentes e amigos pudessem comprar a vida dele de volta, quanto pagaríamos ?! Assim como a vida dele, a de nenhuma outra pessoa tem preço. Mas algumas dessas outras vidas (de amigos ou não) podem ser poupadas através de nossas pequenas ações que podem contribuir efetivamente para isso. Não podemos apenas lamentar e ficar torcendo para que não aconteça com mais amigos. Não esperemos pelo governo, nem pela polícia e nem por outras autoridades. Podemos nos poupar e poupar outras turmas de amigos pela falta de um dos seus. Isso também não tem preço.

O Abel adorava o mar e por uma triste coincidência da vida acabou morrendo em cima de um barco, fazendo o que mais gostava. Jamais será esquecido. Seu sorriso cativante ficará guardado em nossas memórias.